Resumo
Entre o sopro de um cigarro e o silêncio de um quarto fechado, ecoa a mente inquieta de Jacques Rigaut — poeta francês, figura do dadaísmo e marcado por uma existência profundamente niilista que culminou em seu suicídio planejado aos 30 anos . Em cena, fragmentos de pensamentos, ruídos da alma e fantasmas da linguagem se entrelaçam na tentativa de compreender o que habita aquele que escolhe sair, não como fuga, mas como estética final onde delírios, memórias e declarações se sobrepõem como colagens dadaístas. Vozes internas disputam espaço com o vazio; a lucidez se mascara de loucura; e a morte deixa de ser tabu para se tornar linguagem.
Mais do que narrar, o espetáculo provoca: o que significa existir em um mundo onde a sensibilidade é ruído e o sentido, uma construção desmontável? É possível compreender o desejo de desaparecer sem julgá-lo? O público é convidado não à identificação, mas ao confronto — entre beleza e destruição, entre impulso e escolha.
Ao final, não há respostas. Apenas um espelho, onde o reflexo vacila entre o que somos... e o que poderíamos não ter sido.




